sábado, 10 de dezembro de 2016

Larry Bird, o senhor fundamentos



Em boa hora, a NBA decidiu publicar, no seu canal oficial no youtube, um vídeo dedicado a uma das maiores lendas do basquetebol, Larry Bird, que faz jus à sua qualidade extraordinária.

Qualquer fã de basquetebol, mesmo jovem, deliciar-se-á com os movimentos da maior estrela da história dos Boston Celtics, ainda a equipa mais vezes campeã da competição (17). Bird liderou os Celtics ao longo da década de 80, contribuindo para três títulos e para a presença em mais duas finais. A rivalidade com os Lakers, comandados por Magic Johnson, com cinco títulos em oito finais nessa década, é apontada como uma das principais razões para o sucesso da liga profissional norte-americana. O advento do basquetebol enquanto espectáculo televisivo (e da NBA enquanto máquina de propaganda e pioneira do marketing no desporto) deu-se precisamente nos anos 80, com Bird e Magic a reunirem a maior dose de protagonismo e como que a prepararem terreno para um miúdo, um tal de Michael Jordan, que dominaria, desportiva e mediaticamente, a década seguinte,

Possivelmente, os miúdos, habituados que estão a ver highlights das actuais estrelas da NBA, não ficarão impressionados por aí além com este vídeo. Reconhecerão o campo, as tabelas, a bola, o entusiasmo do público, mas terão uma vaga noção de se tratar do mesmo desporto. O basquetebol era mais lento, mais agressivo e, consequentemente, mais colectivo. Era, sobretudo, uma busca desenfreada por soluções, tanto ofensivas como defensivas, para resolver problemas colocados pelos adversários. Dir-me-ão, então, que a essência não se alterou. A questão é que a panóplia de soluções, devido às limitações físicas, quando comparadas com a capacidade actual da generalidade dos jogadores, era imensamente mais alargada. Bird foi, muito provavelmente, o expoente máximo do domínio dos fundamentos.

Passar, driblar, lançar, ressaltar, bloquear, ler o jogo. Parece simples, embora a norma, no presente, excepção feita aos bases, se resuma a correr, saltar e lançar. E a culpa é da NBA.

Em nome do espectáculo e do endeusamento de estrelas (privilegiar as acções individuais), a NBA introduziu, ao longo dos anos, uma série de modificações que alteraram o jogo. Não discuto a pertinência dessas decisões relativamente ao objectivo de tornar o desporto mais atractivo ao público em geral, até porque a reconheço. No entanto, dada a dificuldade cada vez mais acentuada em marcar pontos, surgiu a permissividade na aplicação da regra dos passos no arranque (hoje em dia a ultrapassar as raias do aceitável), a penalização da agressividade defensiva e a limitação do contacto ou a impossibilidade de provocar faltas ofensivas num raio de um metro do cesto, entre outras medidas, que tornaram o basquetebol mais fácil para jogadores que, embora eventualmente menos dotados tecnicamente, disponham de maior capacidade física.

Bird era alto, mas relativamente lento e pouco saltava, mesmo no início da sua carreira. Para criar vantagem sobre os adversários no arranque ou para criar espaço de lançamento, precisava de trabalho de pés. Para se soltar do defensor, necessitava de ler o posicionamento dos adversários e saber tirar vantagem dos bloqueios dos colegas. Para passar a bola a um colega solto, além de o ver (outro assunto...), tinha que dominar o gesto técnico sob as suas mais diversas formas, com qualquer das mãos ou ambas. Para ganhar ressaltos, não se poderia limitar a seguir a bola e a saltar, até porque não beneficiava de boa impulsão. Tinha antes que se aplicar nos bloqueios defensivos e retirar a possibilidade a jogadores mais atléticos de disputarem a bola. Bird conglomerava todos os fundamentos com mestria e, por fazê-lo, apesar de algumas limitações físicas, tornou-se num dos melhores jogadores de sempre.

Por vezes sou confrontado com a ausência de necessidade, no basquetebol actual, do domínio dos fundamentos. Por exemplo, a predominância das estrelas na execução das acções ofensivas é cada vez maior e o mesmo se aplica, consequentemente, à especialização dos jogadores ou, como os americanos lhes chamam, aos "role players". Ainda há poucos dias Klay Thompson concretizou 60 pontos em somente 29 minutos em campo. Fez 33 lançamentos, tocou na bola 52 vezes, driblou apenas 11. Ao todo, teve a bola nas mãos num total de 90 segundos. Claro que tal só é possível porque, além de ser um excelente lançador e fazer parte de uma equipa fenomenal da qual fazem parte dois dos melhores jogadores da actualidade, Steph Curry e Kevin Durant (já para não mencionar Draymond Green), o que lhe propicia mais espaço para lançar, Thompson sabe ler o jogo e tira o máximo partido dos bloqueios que os colegas lhe proporcionam. Mas onde quero chegar é, tendo em conta a capacidade física dos jogadores no presente, nem consigo imaginar o que seria se um deles tivesse pelo menos metade da técnica de Larry Bird.

Não por acaso, ao longo dos últimos vinte anos, os jogadores europeus deixaram de ser casos raros na NBA e a Europa tornou-se numa proveniência normal. A resposta reside nos fundamentos e na inteligência basquetebolística. E casos subsistem de atletas menos dotados fisicamente que, não obstante as suas limitações, ascendem ao estrelato devido, precisamente, ao domínio dos fundamentos. Tim Duncan será, talvez, o melhor exemplo da última década e prevejo que Karl Anthony Towns seja um seu digno sucessor. E, claro, Michael Jordan aliava velocidade estonteante e impulsão inacreditável à mestria na utilização dos fundamentos (e a uma série de características da sua personalidade...). Por isso, Michael Jordan ascendeu ao olimpo.

P:S: No texto refiro que os miúdos vêem, sobretudo, highlights dos jogadores, ao invés de jogos inteiros. Não me chamem conservador, mas a probabilidade de, no futuro, haver ainda menos inteligência basquetebolística é elevada. Lebron James, a maior estrela da actualidade, não prima por esta característica e é, de facto e apesar disso, a maior estrela da actualidade.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A melhor noite de sempre?


Ontem foi, provavelmente, a melhor noite de sempre da história das épocas regulares da NBA. Ao recorde obtido pelos Golden State Warriors, conseguindo 73 vitórias e 9 derrotas, juntou-se-lhe a despedida de um dos melhores jogadores de sempre, o Kobe Bryant, que marcou 60 pontos no seu derradeiro jogo (bateu o recorde de lançamentos tentados num jogo - 50!?!?).

Se do Kobe nos despedimos, com o Steph Curry continuaremos a deliciarmo-nos com o seu basquetebol. E ontem, com dez triplos marcados, ultrapassou a fasquia dos 400 lançamentos de três pontos convertidos numa só temporada. Em 2012/13 já havia estabelecido o recorde, com 272. Elevou-o para 286 na temporada passada. E, na temporada regular que terminou ontem, conseguiu uns inimagináveis 402.

Sobre cada um destes atletas extraordinários, destaco o seguinte:
- O Kobe pertence à minha geração e todos os que praticámos basquetebol, sem excepção, tentámos, de alguma forma, imitar o Michael Jordan. O Kobe foi o único que se aproximou ao melhor de sempre;
- O Steph Curry faz parte de um lote reduzidíssimo de atletas que, além de serem considerados dos melhores de sempre, têm também impacto no jogo, ao ponto de contribuírem para a evolução da forma de jogar.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Steph Curry - A história a acontecer

Ontem, por volta da 1:30, disse à minha namorada que estava cheio de sono e que, provavelmente, iria dormir. Apesar de ter sido sincero no plano das intenções, tanto eu como ela sabíamos que o mais certo seria manter-me acordado, pois jogariam os Warriors daí a pouco.

Deixar de ver uma partida desta equipa é, potencialmente, perder uma oportunidade de ver a história do basquetebol a acontecer. Em parte, porque os Warriors são uma das melhores equipas de sempre e teimam em contrariar os arquétipos da modalidade. Mas, sobretudo, porque cada exibição do Steph Curry poderá ser uma daquelas que será vista e revista passados vinte anos.

Ontem, numa noite em que a sua equipa se deslocou ao pavilhão de um dos seus adversários mais temíveis e não estava particularmente inspirada, o Curry decidiu contrariar a realidade, elevando as suas acções a um plano que, normalmente, está reservado apenas aos deuses. 12 triplos convertidos em somente 16 tentados é inacreditável. Todas as outras coisas que o base dos Warriors fez ao longo do jogo, em que se lesionou e necessitou de ir ao balneário para ser assistido, foram surreais. No entanto, é na última jogada do jogo que reside a maior causa de admiração e, porque não, veneração por este miúdo que, apesar de ser o melhor jogador da actualidade e um dos melhores de sempre, não se notabiliza minimamente pelas suas características físicas, mas antes pela sua técnica assombrosa, instinto inigualável e criatividade inimitável.

Com posse de bola a 5 segundos do fim, o normal seria pedir um desconto de tempo e preparar uma jogada. Para quê?

A 3 segundos do fim e pouco à frente da linha do meio campo, o normal seria continuar a driblar e aproximar-se do cesto. Para quê?

Em boa verdade, o Steph Curry estava enquadrado com o cesto, a distância era apenas um pormenor relativo às leis da física, as quais, aparentemente, não se lhe aplicam. Lance decisivo, dez ou onze metros e cá vai disto, vitória para Golden State. Saltei e festejei como se tratasse de um golo do Benfica. Abençoada internet, que nos permite ver a história a acontecer.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Steph Curry - 2015/16 - "Pequeno" apontamento

Na época passada, Steph Curry bateu o recorde de triplos concretizados numa temporada com 286. Superou a sua própria marca, obtida em 2012/13, de 272. E tem a 5ª melhor de sempre, alcançada em 2013/14, com 261.
Está ainda no início da sua sétima temporada na NBA, ocupando a 43ª posição neste ranking a apenas dois de igualar o 42º... o seu pai, Dell Curry. que conseguiu 1245 triplos em 16 épocas.
Em 2015/16, e em apenas dez partidas, Stephen Curry já concretizou 52 lançamentos de três pontos, o que dá uma média de 5,2 por jogo, incrivelmente superior aos notáveis 3,58 da temporada passada e, tornando ainda mais impressionante estes números, com uma percentagem de acerto de 47,3%, ou seja 5,2 marcados em 11 tentados por jogo (líder em ambos os itens).
Num cenário conservador (média de 4 por jogo), tendo em conta os primeiros dez jogos e se o base dos Warriors não sofrer qualquer lesão, marcará mais 280 lançamentos de três pontos até ao final da época regular. Nesse caso, terminaria a época com cerca de 330 triplos. Ou seja, verificando-se este cenário e ao fim de sete anos na NBA, ocupará a 23ª posição no ranking dos triplos concretizados.
Ainda assim, estará longe de Ray Allen, o recordista, retirado há um ano, que, em 17 temporadas, logrou pontuar 2973 vezes para lá da linha dos três pontos. Se o Curry nunca se lesionar seriamente, o recorde do Allen durará uns cinco anos talvez...
Ray Allen e Reggie Miller, os líderes, estão retirados. Os restantes ainda estão no activo, com a indicação da sua posição no ranking.

1. Ray Allen 2973
2. Reggie Miller 2560
3. Jason Terry 2077
4. Paul Pierce 2061
6. Vince Carter 1879
8. Jamal Crawford 1822
11. Kyle Korver 1741
13. Joe Johnson 1717
14. Kobe Bryant 1704
17. Dirk Nowitzki 1591
18. Mike Miller 1566
24. J.R. Smith 1477
33. Manu Ginobili 1284
35. LeBron James 1262
43. Stephen Curry 1243

sexta-feira, 13 de março de 2015

Uma lição de como não defender

Todos nos recordamos certamente do lance que permitiu que os Heat levassem o jogo 6 das finais de 2013 para prolongamento. Os Spurs venciam por três pontos e nunca passou pela cabeça dos texanos fazerem falta. O Lebron falhou o triplo mas, do ressalto ofensivo, o Ray Allen empatou a partida com um lançamento de três pontos. Os Heat venceram o jogo e foram campeões no jogo 7.
Na conferência de imprensa que se seguiu a essa partida das finais, Popovich respondeu secamente ao jornalista que lhe perguntou porque não ordenou que fosse feita uma falta: "És europeu, não és? Essa é uma pergunta europeia, aqui não fazemos isso". Ao que parece, não lhe serviu de lição.

Ontem, com 3.1 segundos para jogar, os Spurs venciam por 3, o Kyrie Irving já ia com 43 pontos marcados com 4/4 nos triplos. Popovich, o melhor treinador da actualidade, insistiu em não mandar fazer falta e obrigar à ida para a linha de lance livre, nem mesmo nesta situação que descrevi. Resultado: quinto triplo para o Irving, prolongamento e derrota dos Spurs.

Mas mesmo dando de barato que não se fizesse falta, a forma como os Spurs defenderam esta jogada foi de bradar aos céus. Reparem bem na jogada...

O Ginobili ficou colado à linha a tentar impedir o passe. Foi o Lebron a repor e também estava com a mão quente. O receio poderia ser que a bola lhe fosse devolvida... Mas, nesse caso, o Ginobili não teria recuado, ficaria com ele... E mais... O Parker passou o bloqueio por trás... Nesta situação, o Parker ou não estaria em campo ou então deveria ficar com um jogador dentro... Foi uma abordagem defensiva completamente errada, o que não seria relevante caso não fosse este o padrão da decisão do Popovich neste tipo de lances. O Leonard deveria estar na linha de 3 pontos a fazer body check no primeiro corte. Pode-se ainda ver o Parker a avisar o Green do corte nas costas.
 
O Leonard foi atrás do primeiro corte... Há o 2º bloqueio que o Parker passa por trás. Se o Leonard estivesse na linha de 3 pontos ou o Ginobili a fazer 5x4, tudo bem, mas não estavam.
Nesta última imagem, repare-se bem no Ginobili, Parker e Leonard... Para isto, o Ginobili já lá deveria estar, o Leonard não deveria ter acompanhado o primeiro corte e o Parker nunca poderia perder dois metros num movimento tão simples. 
O Irving nunca poderia receber a bola de forma a driblar e armar logo o lançamento, teriam que obrigá-lo a um drible a mais para terem oportunidade de fazerem falta. Mesmo não querendo fazê-la, é caso para perguntar por que razão estava o Green a fechar dentro, quando o perigo viria de um lançamento triplo caso o Irving decidisse passar a bola para a esquerda...


Claro que é fácil de falar agora... O Popovich não sabia que jogada os Cavs fariam... Mas aposto que houve quatro ordens:
- Ginobili na linha a tentar impedir o passe;
- Defesa dos bloqueios por trás;
- Defensor dos bloqueios a ajudar os cortes;
- Lado contrário a dar ajuda dentro.

A ganharem por três a 3.1 segundos do fim, mesmo não se fazendo falta que já sabemos que o Pop não gosta, o princípio a respeitar deveria ser não haver espaço para lançamentos enquadrados de três pontos. Quiseram defender tudo e perderam no prolongamento...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O equívoco Lebron

Não quero ser mal interpretado, pelo que começo por afirmar que, na minha opinião, o Lebron James é o melhor jogador de basquetebol na actualidade e um dos melhores de sempre. E não é de agora, já o penso há alguns anos.

Resumidamente, trata-se de um jogador que tem, em 11 anos de NBA, as médias de 27.5 pontos, 7.2 ressaltos e 6.9 assistências por jogo. Facilmente se perceberá que são números elevados, mas para que melhor se compreenda quão elevados são, pese as diferenças do basquetebol do presente comparativamente ao dos anos 80 (bom tema para um artigo), basta referir que o Larry Bird, outro dos jogadores cuja inclusão no lote dos melhores de sempre é indiscutível na minha opinião, logrou atingir, em 13 temporadas, 24.3 pontos, 10 ressaltos e 6.3 assistências por jogo.

Mas as estatísticas, apesar da sua utilidade, não revelam tudo o que se passa num jogo ou numa época. Por exemplo, em teoria, 100% nos lançamentos triplos seria sempre melhor que 35%. Mas, na prática, 35 lançamentos triplos concretizados em 100 tentados é bastante melhor que 1 em 1. Serve este exemplo, absurdo por tão óbvio, para demonstrar que é preciso ir mais além na análise de um jogador.

No patamar dos melhores de sempre, considero que as variáveis mais importantes a ter em conta quando se avalia se um jogador faz ou não parte desse grupo restrito, são as seguintes:
- Estatísticas individuais;
- Impacto na equipa;
- Impacto no jogo (outro bom tema).

Naturalmente, estatísticas individuais muito acima da média em equipas cujo desempenho tenha sido excelente ou, pelo menos, bom, e o jogo ter mudado em função das características e/ou desempenho individual de um jogador. Tal serve para qualquer desporto e um atleta que não cumpra estes requisitos até poderá figurar nos melhores de sempre, mas entre os menos relevantes.

Se, do ponto de vista individual, e mesmo do colectivo, parece-me indiscutível que o Lebron possa ser considerado um dos melhores de sempre, tenho algumas reservas, para não dizer mesmo certeza, que pouco acrescentou, até ver, ao basquetebol. O único destaque que se lhe poderá atribuir neste capítulo será, porventura, a invenção do "point forward", que não mais é que, traduzido para linguagem corrente, um tipo de jogador que se notabiliza pela sua capacidade física sendo, ao mesmo tempo, capaz de comandar o ataque de uma equipa. Mas será que o Lebron James tem realmente a capacidade de desempenhar esse papel? Não creio que a tenha, apesar de o tentar recorrentemente.

E não o consegue por uma razão simples: é pouco inteligente (atenção, a bitola está nos melhores jogadores de sempre). Todas as vezes em que se liberta de alguns constrangimentos é imparável. Quase imbatível no 1x1, competente no tiro exterior, letal no contra-ataque e nas transições rápidas, importante nos ressaltos, passador decente e defensor competente. Mas é afectado pelos tais constrangimentos.

Que constrangimentos são esses? Desde logo, a aparente necessidade constante que tem de provar que é um jogador cerebral, o que mostra logo que não o é. Depois, um característico desnorte na leitura do jogo, em que, invariavelmente, decide mal se deverá atacar o cesto ou lançar de fora ou se há-de imprimir velocidade ou acalmar o jogo. E ainda, não raras vezes, convencer-se que tem que envolver os colegas na partida, o que resulta num Lebron James amorfo e, consequentemente, pouco interventivo, limitando-se a passar a bola aos colegas quando, na maioria das situações, deveria assumir o seu papel, o de "go to guy", que lhe assenta que nem uma luva tais são as suas qualidades técnicas e, sobretudo, físicas.

Vi o mesmo acontecer com o Michael Jordan, embora com resultado diferente, para bastante melhor. Concordo que as grandes vedetas tenham, por vezes, que prescindir da sua individualidade em prol do colectivo. Momentos haverão certamente em que o colectivo terá que se superar por ausência ou desinspiração das individualidades. Mas a questão é que, no caso do Lebron, assistimos com alguma regularidade a uma anulação patética da sua individualidade. O Lebron parece não entender que envolver os colegas não se trata de se distanciar do cesto para ver, em posição privilegiada, os seus colegas a jogarem 4x4. Trata-se antes de contribuir decisivamente para que os colegas acrescentem algo ao jogo, coisa que ele, com uma frequência irritante, não o faz.

É natural que tenha incorrido em alguns exageros. Afinal, relembro que o considero o melhor jogador da actualidade. Mas mais exagerada é a comparação que lhe fazem, e que chega a parecer forçada, ao Michael Jordan. Porque marcar muitos pontos, ganhar muitos ressaltos e fazer muitas assistências, apesar de excelente, não é tudo. Falta-lhe QI basquetebolístico e onze anos já teriam sido mais que suficientes para adquiri-lo...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

E se as conferências não existissem nos playoffs...

Considerando:
1 - Melhor equipa
2 - Melhor equipa da outra conferência
3 a 6 - Restantes campeões das divisões
7 a 16 - Equipas alinhadas consoante o record...
 
Esta época, as parelhas seriam as seguintes:
(1) Bulls Vs (16) Sixers
(2) Spurs Vs (15) Jazz
(3) Thunder Vs (14) Mavs
(4) Heat Vs (13) Knicks
(5) Lakers Vs (12) Magic
(6) Celtics Vs (11) Nuggets
(7) Pacers Vs (10) Clippers
(8) Grizzlies Vs (9) Hawks

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Linsanity

Jeremy Lin deverá ser o caso de sucesso mais estranho de sempre no desporto...
De esquecido no fundo do banco, passou a ser um dos melhores jogadores da NBA...
E o hype já é tal que será inaceitável que, com o regresso do Carmelo Anthony, ele passe a ter menos bola nas mãos...
Depois de 11 derrotas em 13 jogos, Lin apareceu e os Knicks levam já 6 vitórias consecutivas...
Nesses jogos, as suas médias foram 26.8pts, 8.5ast e 3,8res, além de se ter transformado, num ápice, no "go-to-guy"... É impressionante!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Ricky Rubio

Comecei a época entusiasmado com os Clippers mas os Wolves são a equipa que tenho seguido mais atentamente. A principal razão: Ricky Rubio!

Rick Adelman, o experiente treinador dos Wolves a caminho das 1000 vitórias na 21ª época à frente de uma equipa da NBA, foi inteligente na forma como lançou o base espanhol para a ribalta. Nos primeiros dez jogos da época, Rubio foi suplente. Mas não um suplente qualquer pois esteve em campo na totalidade dos quartos períodos de cada uma dessas partidas. Ao 11º jogo foi-lhe concedida a titularidade.

É certo que as lesões de jogadores tidos como fundamentais ajudaram (Beasley, Barea), mas as oportunidades são para se agarrar e Rubio agarrou-as.

O imediato contributo do jovem base para a sua equipa está acima das melhores expectativas. Rubio, apesar da já longa fama que o precede, carecia de boas estatísticas no Barcelona ou na selecção espanhola. Os analistas americanos sabiam apenas que Rubio se trataria de um jovem jogador espanhol que se tornara profissional aos 14 anos, jogara na selecção espanhola, havia sido seleccionado no draft em 2009 e se recusara a estrear na NBA nessa e na época seguinte. Sabiam também que, no campeonato da Europa de sub-16, além de ter sido o MVP da competição, na final, marcou 51 pontos, ganhou 24 ressaltos, fez 12 assistências e roubou 7 bolas.

Recordo-me das dúvidas levantadas poucos dias antes da época começar: É um fraco lançador e, nos restantes capítulos do jogo, é bom em todos mas sem ser extraordinário em qualquer deles. De todas as opiniões que tive oportunidade de ler, americanas, portuguesas e, inclusive, algumas espanholas, não houve uma que defendesse inequivocamente que o Rubio viria a ter impacto na NBA. Mas tem, não só pelo seu desempenho mas, conforme explicarei mais à frente, na forma como se pensa o basquetebol na NBA.

Quais são então os "números" do Rubio quando nos aproximamos do final do primeiro terço da época?

19 jogos; 33.8 min; 38,7% FG; 35,7% 3pts; 81,6% LL; 4,6 Res; 8,8 Ast; 2,4 RB; 3,42 TO; 11,4 Pts.

O desempenho do Rubio, avaliado somente pelas estatísticas, já poderá ser considerado bom. Convém, no entanto, comparar com os restantes jogadores:
- 3º em assistências por jogo;
- 3º em roubos de bola;
- 14º no rácio Assistências por perda de bola;
- 13º em duplo-duplos;
- 24º em LL por 48 minutos;
- 36º em minutos por jogo;
- 1º em assistências por 48 minutos;
- 1º em roubos de bola por 48 minutos;
- 34º em ressaltos por 48 minutos;
- 27º no ranking da eficiência.

Se limitarmos a análise aos rookies, a sua posição nos rankings é a seguinte:
- 4º em pontos por jogo (1º Kyrie Irving - 17,6);
- 1º em assistências por jogo (2º Kyrie Irving - 4,8)
- 1º em duplo-duplos
- 4º em percentagem de lançamento;
- 7º em percentagem de lançamento de 3 pontos;
- 2º em percentagem de lances livres;
- 6º em ressaltos por jogo;
- 1º em roubos de bola por jogo;

Se restringirmos a análise a bases, a sua posição nos rankings é a seguinte:
- 3º em assistências por jogo;
- 11º em ressaltos por jogo;
- 3º em roubos de bola por jogo;
- 50º em pontos por jogo;

Se excluirmos os três primeiros jogos, as suas médias são as seguintes:
12.8 Pts, 9,8 Ast; 4,9 Res; 2,7 RB

As estatísticas não se ficam por aqui. Por exemplo, no +/- (diferença pontual de uma equipa quando um jogador está em campo), Rubio está em 47º (77 pontos positivos) e é o melhor jogador dos Wolves (9V-10D) neste item.

Com Ricky Rubio em campo, por cada 100 posses de bola, os Wolves marcam 106,5 pontos. Sem a sua presença, ficam-se por 97,3. Defensivamente também se nota a sua influência. Se, com ele em campo, os Wolves sofrem 98,1 pontos por 100 posses de bola, sem o base sofrem 106,3.

Finalmente, Rubio lidera a NBA em assistências para lançamentos de 3 pontos e está em 2º nas faltas ofensivas provocadas.

Importa ainda referir que, na época passada, os Wolves terminaram com 17 vitórias e 65 derrotas e, ao fim de 19 jogos, o seu desempenho cifrava-se em 4 vitórias e 15 derrotas. Se nos recordarmos que duas das principais figuras dos Wolves (Barea e Beasley) não têm jogado devido a lesões, é mais que evidente o enorme impacto que a chegada de Rubio teve para a equipa de Minnesota.

São tantos os itens estatísticos onde se nota o excelente desempenho do rookie espanhol que qualquer consideração subjectiva poderá parecer desnecessária. Mas não é!

Além da avaliação estatística, quem vê os Wolves a jogar, vê uma equipa que, além de ser competente no capítulo defensivo, ofensivamente apresenta um basquetebol bonito, quase linear. Com Rubio em campo, os seus colegas são obrigados a estar permanentemente atentos e preparados para receber a bola mesmo que, aparentemente, não haja possibilidade de a receberem. Se não o estiverem, a equipa é prejudicada não pela incapacidade do base em efectuar o passe mas porque se perdeu uma boa hipótese de recepção de um passe para um lançamento fácil. Os contra-ataques, quando conduzidos por Rubio, são invariavelmente bem definidos. E o controlo da posse de bola, bem como os ritmos no jogo, são, na maior parte das vezes, os indicados no que respeita às necessidades da equipa e aos "tempos" do jogo. Não será por acaso que, mesmo sendo suplente nos primeiros dez jogos, Rubio foi utilizado 12 minutos em cada 4º período de cada um desses jogos...

Tendo em conta que o espanhol está no seu primeiro ano na NBA, o que devemos esperar de si nos próximos anos? A meu ver, não muito mais do que temos visto. É certo que melhorará, até porque espero uma melhoria colectiva da sua equipa, mas não creio que estejamos na presença de uma amostra do que será no futuro. Acredito que melhorará na percentagem de lançamento, ganhará estatuto e haverá mais entrosamento com os colegas. Isto, só por si, significará melhores médias. No entanto, aquilo que considero ser a principal característica de Rubio, o QI basquetebolístico, já estará num patamar apenas reservado aos grandes jogadores como John Stockton, Magic Johnson ou Jason Kidd.

Por outro lado, convém referir que esta é uma temporada atípica. O facto de se jogar 5 ou 6 vezes por semana, impede que as equipas se preparem convenientemente do ponto de vista defensivo. Além da fadiga, não há tempo para montar ou, pelo menos, sistematizar, estratégias defensivas para cada adversário. Seguindo a mesma ordem de ideias, a falta de tempo para treino não ajuda os jogadores que dele necessitam para melhorar aspectos negativos ou menos positivos do seu jogo. No caso de Rubio, o lançamento é a sua principal lacuna.

Gostaria ainda de referir sucintamente algo sobre o Rubio a a NBA que parece paradoxal: O base é melhor jogador na melhor e mais competitiva liga do mundo do que em competições inferiores. Na minha opinião, tal deve-se a quatro factores: As características de Rubio (inteligência, capacidade de passe e experiência competitiva ao mais alto nível tanto em clubes como na selecção, ou seja, não é um rookie normal); A qualidade dos colegas de equipa; As restrições à forma como se pode defender na NBA; A menor importância que se confere aos aspectos defensivos do jogo na NBA.

Para terminar, creio que o Rubio terá um grande impacto no futuro próximo da NBA e do basquetebol. Depois de alguns anos em que os bases se notabilizaram pela capacidade de jogar 1X1, houve uma quase total diluição entre as posições "base" e "segundo base" e criou-se, inclusivamente, uma nova posição, o "point-forward", surgiu agora o Rubio, com sucesso, mais na linha clássica do que deverá ser um base. O gosto pelo acto de passar a bola, estou certo, ressurgirá entre os jovens praticantes de basquetebol.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O problema defensivo dos Clippers

No último post, "Dar tempo ao tempo", referi as dificuldades defensivas dos Clippers que resultam da incapacidade do seu poste, Deandre Jordan, em defender correctamente os pick and rolls. Há várias formas de abordar defensivamente este movimento ofensivo e estas variam consoante as características dos jogadores que atacam.

Na NBA, com as limitações defensivas impostas pelas regras, o que implica que a ajuda do lado contrário seja menos eficiente, este movimento é utilizado mais frequentemente. Quem defende o poste tem que, ao mesmo tempo, conseguir dar um tempo de ajuda ao colega que sofre o bloqueio e posicionar-se de forma a, por um lado, bloquear o seu jogador de forma a lutar pelo ressalto caso o atacante contrário se decida por um lançamento ou, por outro, evitar que o bloqueador desfaço o bloqueio em direcção ao cesto.

Um jogador que não saiba interpretar a forma como se deverá abordar uma situação como esta, faz com que haja, recorrentemente, um corredor aberto em direcção ao cesto. É o caso do Deandre Jordan.

No entanto, os problemas defensivos dos Clippers, embora comecem na falta de conhecimento do jogo do seu poste, não se esgotam na defesa ao pick and roll.

Poderá parecer paradoxal mas o jogador com melhor média de desarmes de lançamento por jogo na NBA chama-se... Deandre Jordan! Mas a que custo?

Os desarmes de lançamento são lances espectaculares, merecedores, inclusivé, de uma secção de vídeosa estes dedicada no site da NBA para deleite dos fãs de basquetebol. As vantagens de ter bons "abafadores" são óbvias: Diminuem a percentagem de lançamento adversária; intimidam e desmoralizam os jogadores contrários; entusiasmam a equipa; propiciam contra-ataques; retiram tempo de ataque. Mas volto a perguntar: A que custo?

Será aqui que entrará a inteligência. Os desarmes de lançamento de nada servirão se forem encarados como um fim em si próprios. Ou seja, dar um abafo para as câmaras de televisão, a malta agradece e aplaude mas não implica, obrigatoriamente, que a equipa beneficie com isso. Isto porque, geralmente, nos casos de jogadores que vivem para o desarme de lançamento, há inúmeras tentativas de desarme de lançamento que resultam em desarme de lançamento falhado.

Tal não seria um grande problema se a tentativa de desarme de lançamento ocorresse como a conclusão individual de toda uma acção defensiva colectiva. Mas, nos Clippers, o que acontece invariavelmente é que o Deandre Jordan remete para segundo plano a defesa ao seu jogador. Como é poste, ao falhar o desarme de lançamento, dá de bandeja a possibilidade do seu adversário directo ganhar o ressalto ofensivo e efectuar um lançamento fácil próximo do cesto (os Clippers são a 5ª equipa da NBA que sofre mais pontos de 2ºs lançamentos). Esta atitude defensiva torna-se ainda mais prejudicial à sua equipa quando, pela frente, existe um base inteligente que detecta facilmente a possibilidade de uma assistência fácil para um jogador próximo do cesto.



Não será então de menosprezar a subida de rendimento dos Clippers (7 vitórias nos últimos 10 jogos, apesar de algumas lesões) com o regresso ao activo do esforçado e certinho Reggie Evans. Um jogador que nasceu para defender e ganhar ressaltos mas que passa ao lado dos highlights... Concluindo: Acredito no potencial dos Clippers, nomeadamente se o seu poste - o melhor desarmador de lançamentos da liga - aprender a defender...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Dar tempo ao tempo

Uma das conclusões "precipitadas" que se poderão tirar esta época, é a de que os Heat estão melhores do que no ano transacto. Outra será a de que os Clippers poderão ser a grande surpresa no Oeste.

A razão é a mesma: Terminar o deslumbramento!

Se, na época passada, pareceu-me que os Heat funcionaram numa lógica de deslumbre face à incorporação do LeBron James no plantel, fazendo com que o seu jogo ofensivo se limitasse praticamente à conclusão das jogadas por auto-recreação das suas maiores estrelas, os Clippers carregam já o "fardo" de serem não de Los Angeles mas de Lob City.

O eventual sucesso dos Heat esta época passará necessariamente por começarem, como parece que o estão a fazer, a jogar como uma equipa. De facto, é de realçar que, nos primeiros três jogos, o LeBron e o Wade não tentaram sequer lançar um único triplo, deixando a despesa dessa tarefa para jogadores como o Chalmers, Cole ou Battier, que além de serem bons lançadores, beneficiam das sobrecargas defensivas às estrelas maiores e estão, invariavelmente, sozinhos e enquadrados.

Este colectivismo propicia que, nos momentos decisivos, os restantes jogadores se sintam mais enquadrados nas necessidades da equipa e potencia óbvias vantagens no plano defensivo pois, para um jogador, é mais fácil defender quando se sente parte de um todo e não somente quando acaba por ser uma mera muleta.

Os Clippers não parecem, para já, padecer exactamente do mesmo problema mas não andará assim tão longe. Há duas razões geradoras do entusiasmo generalizado por esta equipa: Bons jogadores e jogadas espectaculares, tanto ofensivas como defensivas.

Tenho seguido o seu percurso com atenção. Reparei que, à excepção do jogo de ontem à noite, em que derrotaram os Blazers, sempre que há um alley hoop (ou lob pass, como agora tem sido referido), a concentração defensiva é menor sofrendo, invariavelmente, um cesto fácil. No capítulo defensivo, as intervenções do Deandre Jordan são constantemente elogiadas. Qual ventoinha, são abafos de toda a maneira e feitio. No entanto, a sua incapacidade para defender pick and rolls faz com que os Clippers sejam, para já, uma equipa muito permeável. Corrigindo estes aspectos e assegurando a integração progressiva dos bons jogadores como Caron Butler, Mo Williams, Chris Paul e Chauncey Billups, estou em crer que residirá nos Clippers uma aposta segura para um grande desempenho esta temporada.



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os melhores marcadores da NBA no activo

Melhores marcadores da NBA no activo. A posição no ranking corresponde à lista dos melhores marcadores da NBA.


     Jogador      Pontos     Ranking
1  Kobe Bryant 27979 6
2  Kevin Garnett 23358 19
3  Dirk Nowitzki 22862 23
4  Ray Allen 22349 24
5  Tim Duncan 21687 28
6  Paul Pierce 21410 30
7  Vince Carter 20544 35
8  Tracy McGrady 18131 59
9  Antawn Jamison 18128 58
10  LeBron James 17460 70
11  Jason Kidd 16796 79
12  Grant Hill 16565 81
13    Jerry Stackhouse 16119 88
14  Juwan Howard 16102 89
15  Steve Nash 15895 93
16  Jason Terry 15582 102
17  Chauncey Billups 15279 113
18    Shawn Marion 15173 114
19  Elton Brand 15079 116
20    Richard Hamilton 14924 120
21  Rashard Lewis 14831 122
22  Carmelo Anthony 14758 123
23  Mike Bibby 14599 128
24  Andre Miller 14109 141
25  Dwyane Wade 13968 146
26  Pau Gasol 13800 152
27  Joe Johnson 13657 154
28  Jason Richardson 13524 159
29  Baron Davis 13269 165
30  Amare Stoudemire 13058 168
31   Corey Maggette 12641 187
32    Tony Parker 12522 190
33  Jermaine O'Neal 12389 197
34  Stephen Jackson 12181 208
35    Lamar Odom 12133 210
36  Al Harrington 12095 212
37  Richard Jefferson 12037 214
38  Chris Bosh 11760 231
39  Zach Randolph 11679 235
40    Jamal Crawford 11612 238
41  Michael Redd 11554 240
42  World Peace 11310 249
43  Joe Smith 11208 #N/A
44  Dwight Howard 10370 #N/A
45    Larry Hughes 10230 #N/A
46  Hedo Turkoglu 10109 #N/A
47  Carlos Boozer 9863 #N/A
48  Derek Fisher 9785 #N/A
49  Caron Butler 9777 #N/A
50  Manu Ginobili 9730 #N/A

A cabeça que abafou

Em muitos anos a ver basket, nunca tinha visto um lance assim: O Lebron James tentou afundar e um jogador adversário, o Gerald Henderson, tentou abafá-lo. Não conseguiu e, quando a bola ia a passar pela rede, bateu na cabeça do defensor e saiu. Julgo que os árbitros terão pensado que terá sido o embate da bola da rede ou na parte de trás do aro que fez com que a bola não entrasse no cesto.



Este lance gerou alguma confusão não só no jogo como nas discussões subsequentes. Tenta-se justificar o injustificável pois ninguém acredita ser possível que os árbitros não tenham visto o lance.

Por incrível que pareça, se interpretarmos as leis à letra, existe uma lacuna. A regra que mais se aproxima da situação que ocorreu ontem será a alínea H da secção I da regra 11 (Goaltending): "Um jogador nunca pode tocar na bola com uma mão que esteja por dentro do aro". Outra das regras que define o goaltending, refere que a bola não pode ser tocada acima do aro no percurso descendente (se os árbitros considerarem que há possibilidade de ser cesto). Em bom rigor, a bola é tocada abaixo do cesto. Há ainda a regra da bola em contacto com a parte superior do aro ou acima do aro no cilindro imaginário...

Mas não viram. E, ao que parece, os responsáveis pela estatística, ou não viram, ou assumiram que os árbitros consideraram tratar-se de um afundanço falhado pois, na estatística oficial do jogo, não consta qualquer tentativa de lançamento bloqueada (BA) do Lebron James.

Curiosamente, o lance que decidiu o jogo também esteve envolto em polémica. Terá sido passos do Wade?

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Parecemos lentos, velhos e fora de forma"

Foi assim que Dirk Nowitzki, principal estrela dos Dallas Mavericks, caracterizou o actual momento da sua equipa. E não é para menos... Dois jogos, duas derrotas! Pior: Dois jogos em casa, duas derrotas! E como se o pesadelo não fosse suficiente, foram massacrados em qualquer dos jogos.
Fracos ofensivamente e horríveis defensivamente, a equipa de Dallas foi assobiada pelos seus adeptos ao 2º jogo após a conquista do único campeonato da sua história.
O treinador, Rick Carlisle, chamou a si a responsabilidade de un início de época inimaginável: "É tão simples como isto: estes jogadores, neste momento, não estão preparados para jogar. A responsabilidade é minha, sou eu quem tem que os preparar".
Ainda é cedo para sentenciar uma época. No entanto, não me parece que a construção do plantel tenha sido a ideal.
Saíram JJ Barea, Caron Butler, Tyson Chandler e DeShawn Stephenson. Entraram Lamar Odom, Vince Carter, Brendan Haywood e Delonte West. Ou seja, grosso modo, saiu agressividade, velocidade e capacidade defensiva e entrou estatuto. Comparando com anos anteriores à época passada, perdeu-se aquilo que, havendo no último ano, sempre se lhes apontou como lacunas que não lhes permitiriam ambicionar seriamente pelo título. Na outra extremidade, acrescentou-se-lhes o que já detinham, ainda mais por se terem sagrado campeões.
Mais uma vez, ainda não chegou o momento em que se poderá sentenciar o destino de uma equipa. No entanto, para os Mavericks, a situação é, no mínimo, alarmante.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

The Jimmer

"Tens que ver um puto de Brigham Young que mete cestos de toda a maneira e feitio". Foi assim que fui alertado para a existência do Jimmer Fredette.
Primeiro passo: "Jimmer Frdette" no youtube e encontrei vídeos como este:



Segundo passo: Consultar estatísticas:
2007/08: 35J; 18,5m; 7,0p; 1,7a;
2008/09: 33J; 33m; 16,2p; 4,1a
2009/10: 34J; 31,1m; 22,1p; 4,7a
2010/11: 37J; 35,8m; 28,9p; 4,3a

Nestas 4 épocas, teve as seguintes percentagens de lançamento:
LL - 627/711 - 88,2%
L2 - 838/1843 - 45,5%
L3 - 296/752 - 39,4%

Terceiro passo: Tentar ver algum jogo de BYU no "March madness":
Consegui ver o jogo em que BYU foi eliminada por Florida nos 1/16 avos de final. O Fredette marcou 32 pontos. Foi o 24º jogo que marcou mais de 30 pontos. Foi a melhor época de sempre de BYU.

Naturalmente que fiquei curioso por saber em que posição seria escolhido no draft. Na altura, já se falava na "Jimmer Mania" e a discussão sobre o seu valor variava entre se seria o melhor jogador da NCAA e uma das futuras grandes estrelas da NBA ou se, pelo contrário, não teria quaisquer hipóteses de não passar de um jogador obscuro da NBA ou nem sequer lá chegar.

E percebe-se as diferenças de opinião. O Fredette, apesar do génio basquetebolístico que demonstrava jogo após jogo, não deixava de ser a única estrela numa equipa fraca. Além disso, já ia na sua 4ª época na universidade.

Acabou por ser escolhido na 10º posição pelos Sacramento Kings que haviam beneficiado dessa posição através de uma troca com os Milwaukee Bucks. À sua frente, foram escolhidos três bases: 1º - Kyrie Irving (Cavs); 8º - Brandon Knight (Pistons) e 9º - Kemba Walker (Bobcats).

Os fãs dos Kings exultaram com a escolha de Fredette que, segundo alguns rumores, não seria a de Paul Westphal, treinador da equipa. A escolha terá sido imposta pelo presidente da organização.

Já se percebeu que fui daqueles que admirou quase instantaneamente este jogador. Talvez por isso tenha aguardado ansiosamente pela sua estreia, ainda para mais, o meu entusiasmo pelo seu jogo saiu reforçado ao ver a sua exibição no primeiro jogo de pré-época dos Kings, em que concretizou 21 pontos.



Ontem dediquei mais atenção ao jogo dos Kings frente aos Lakers, a estreia de Jimmer Fredette. Não terá sido a estreia mais auspiciosa: 6pts e 3ast em 25 minutos. E confesso que fiquei irritado!

Não sei se pela falta de estatuto, por imposição do treinador ou falta de confiança, não vi o mesmo jogador que na pré-época. Por exemplo, não tentou um único lançamento de 3 pontos e nem sequer teve muitas oportunidades de os tentar pois foram poucas as vezes em que os colegas lhe passaram a bola quando esteve enquadrado com o cesto.

Ainda assim, estou convencido que o primeiro jogo foi apenas uma demonstração muito modesta do que o Fredette poderá vir a fazer já esta época...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A buzzword do momento

Assim como, todos os anos, a NBA utiliza um slogan diferente na sua promoção (esta época é o "Big things are coming"), o mesmo acontece com o tema que mais se discute. Por tudo e por nada, os comentadores abordam-no e, por arrasto, os treinadores e os jogadores também.
Se, na época passada, talvez por se tratar de uma nova funcionalidade à disposição dos utilizadores do site da NBA, todos comentavam o "plusminus" (mais-menos, p.e. o Lebron James foi o jogador cuja equipa que representa teve melhor diferença pontual enquanto ele esteve em campo - 619pts), este ano o tema preferido é o QI basquetebolístico.
O interessante é que os Mavericks demonstraram ter, entre outras coisas, mais QI basquetebolístico que os Heat. O mesmo é atribuído aos Heat face aos Bulls... Fica por explicar o que terá acontecido ao QI basquetebolístico dos Spurs... tão alto na época regular para, subitamente, quase desaparecer na primeira ronda dos playoffs.
Não quero, com a graçola anterior, menosprezar o QI basquetebolístico...
O Derrick Rose, MVP da temporada passada, diz que aproveitou o Verão para trabalhar alguns aspectos do seu jogo como o tiro exterior e o QI basquetebolístico;
Os analistas são quase unânimes sobre os Knicks: Terão dificuldades se o Baron Davis não tiver saúde porque o Tony Douglas é dos bases com menor QI basquetebolístico da liga;
Ninguém arrisca afirmar reconhecer maravilhas no Ricky Rubio, exceptuando, claro está, o elevado QI basquetebolístico que possui.
O que é então o QI basquetebolístico?
À falta de melhor definição, diria que é a capacidade de tomar decisões/ajustar/adaptar as jogadas em situações diferentes, independentemente de serem expectáveis ou não.
Como se poderá facilmente constatar, nada de novo...

Hack the Jordan

O termo surgiu há uns anos quando, de forma a aproveitar a péssima percentagem da linha de lance livre de Shaquille O'Neal, os treinadores adversários ordenavam aos seus jogadores que, através de faltas longe da bola, o obrigassem a ter que executar esse tipo de lançamento.
É indiscutível que se trata de uma táctica legítima, ou melhor, legal. No entanto, do ponto de vista ético, é condenável. Além de que, no que diz respeito ao espectáculo, torna o jogo desinteressante.
Ontem, a meio do 3º período do jogo de estreia de Mark Jackson enquanto treinador, o "rookie" decidiu que Deandre Jordan, poste dos Clippers, passaria a ser a figura central de um jogo que corria de feição à equipa contrária.
Enquanto o treinador dos Clippers, Vinny del Negro, não conseguiu substituir o poste da sua equipa (foi difícil, o jogo não parou, Jordan falhou sempre a 2ª tentativa de lance livre e as faltas eram cometidas no segundo seguinte à posse de bola dos Clippers), pareceu sempre que a pontuação de ambas as equipas iria equilibrar e tal só não ocorreu devido à ineficácia ofensiva dos Warriors nesse momento do jogo.
Para esperto, esperto e meio! Chris Paul, base dos Clippers, parou o jogo deliberadamente através de uma perda de bola propositada e, assim, foi possível que se procedesse à tão desejada substituição.
É inacreditável que uma liga que introduz regras de forma a proteger o espectáculo, ande há anos a adiar o que já se faz na Europa há algumas épocas: Falta deliberada é considerada falta anti-desportiva que, por sua vez, é penalizada com lances livres e posse de bola. Tão simples que não se entende...

domingo, 25 de dezembro de 2011

Bola ao ar

O dia em que este blog tem início não foi escolhido ao acaso. Hoje, 25 de Dezembro, é o dia em que se celebra, além do Natal, o regresso da NBA após meses de incerteza devido ao lockout imposto pelos donos das equipas.
Numa época regular de 66 jogos disputada em 122 dias, ninguém poderá estar convicto de qual das equipas mais brilhará. Bulls, Celtics, Heat e Knicks na conferência este e Clippers, Mavs, Spurs e Thunder no oeste, parecem ser os conjuntos melhor preparados para os desafios que se avizinham mas só com o desenrolar da competição, poderemos criar convicções mais firmes.
Estou certo que será uma grande temporada!
Neste blog, além do acompanhamento diário, tentar-se-á analisar mais aprofundadamente tudo o que envolve aquela que é a competição desportiva mais espectacular do mundo.
Fiquem atentos!